domingo, 21 de junho de 2009

“A minúscula semente de mostarda que se transformou numa grande árvore”

Ruth Doris Lemos

Sentado a sua mesa de trabalho num domingo em outubro de 1780 o dedicado jornalista, Robert Raikes procurava concentrar-se sobre o editorial que escrevia para o jornal de Gloucester, de propriedade de seu pai. Foi difícil para ele fixar a sua atenção sobre o que estava escrevendo pois os gritos e palavrões das crianças que brincavam na rua, debaixo da sua janela, interrompiam constantemente os seus pensamentos. Quando as brigas tornaram-se acaloradas e as ameaças agressivas, Raikes julgou ser necessário ir à janela e protestar do comportamento das crianças. Todos se acalmaram por poucos minutos, mas logo voltaram às suas brigas e gritos.
Robert Raikes contemplou o quadro em sua frente; enquanto escrevia mais um editorial pedindo reforma no sistema carcerário. Ele conclamava as autoridades sobre a necessidade de recuperar os encarcerados, reabilitando-os através de estudo, cursos, aulas e algo útil enquanto cumpriam suas penas, para que ao saírem da prisão pudessem achar empregos honestos e tornarem-se cidadãos de valor na comunidade. Levantando seus olhos por um momento, começou a pensar sobre o destino das crianças de rua; pequeninos sendo criados sem qualquer estudo que pudesse lhes dar um futuro diferente daquele dos seus pais. Se continuassem dessa maneira, muitos certamente entrariam no caminho do vício, da violência e do crime.
A cidade de Gloucester, no Centro-Oeste da Inglaterra, era um polo industrial com grandes fábricas de têxteis. Raikes sabia que as crianças trabalhavam nas fábricas ao lado dos seus pais, de sol a sol, seis dias por semana. Enquanto os pais descansavam no domingo, do trabalho árduo da semana, as crianças ficavam abandonadas nas ruas buscando seus próprios interesses. Tomavam conta das ruas e praças, brincando, brigando, perturbando o silêncio do sagrado domingo com seu barulho. Naquele tempo não havia escolas públicas na Inglaterra, apenas escolas particulares, privilégio das classes mais abastadas que podiam pagar os custos altos. Assim, as crianças pobres ficaram sem estudar; trabalhando todos os dias nas fábricas, menos aos domingos.
Raikes sentiu-se atribulado no seu espírito ao ver tantas crianças desafortunadas crescendo desta maneira; sem dúvida, ao atingir a maioridade, muitas delas cairiam no mundo do crime. O que ele poderia fazer?
Por um futuro melhor Sentado a sua mesa, e meditando sobre esta situação, um plano nasceu na sua mente. Ele resolveu fazer algo para as crianças pobres, que pudesse mudar seu
viver, e garantir-lhes um futuro melhor! Pondo ao lado seu editorial sobre reformas nas prisões, ele começou a escrever sobre as crianças pobres que trabalhavam nas fábricas, sem oportunidade para estudar e se preparar para uma vida melhor. Quanto mais ele escrevia, mais sentia-se empolgado com seu plano de ajudar as crianças. Ele resolveu neste primeiro editorial somente chamar atenção à condição deplorável dos pequeninos, e no próximo ele apresentaria uma solução que estava tomando forma na sua mente.
Quando leram seu editorial, houve alguns que sentiram pena das crianças, outros que acharam que o jornal deveria se preocupar com assuntos mais importantes do que crianças, sobretudo, filhos dos operários pobres! Mas Robert Raikes tinha um sonho, e este estava enchendo seu coração e seus pensamentos cada vez mais! No próximo editorial, expôs seu plano de começar aulas de alfabetização, linguagem, gramática, matemática, e religião para as crianças, durante algumas horas de domingo. Fez um apelo através do jornal, para mulheres com preparo intelectual e dispostas a ajudar-lhes neste projeto, dando aulas nos seus lares. Dias depois um sacerdote anglicano indicou professoras da sua paróquia para o trabalho.
O entusiasmo das crianças era comovente e contagiante. Algumas não aceitaram trocar a sua liberdade de domingo, por ficar sentadas na sala de aula, mas eventualmente todos estavam aprendendo a ler, escrever e fazer as somas de aritmética. As histórias e lições bíblicas eram os momentos mais esperados e gostosos de todo o currículo. Em pouco tempo, as crianças aprenderam não somente da Bíblia, mas lições de moral, ética, e educação religiosa. Era uma verdadeira educação cristã.
Robert Raikes, este grande homem de visão humanitária, não somente fazia campanhas através de seu jornal para angariar doações de material escolar, mas também agasalhos, roupas, sapatos para as crianças pobres, bem como mantimentos para preparar-lhes um bom almoço aos domingos. Ele foi visto freqüentemente acompanhado de seu fiel servo, andando sob a neve, com sua lanterna nas noites frias de inverno. Raikes fazia isto nos redutos mais pobres da cidade para levar agasalho e alimento para crianças de rua que morreriam de frio se ninguém cuidasse delas; conduzindo-as para sua casa, até encontrar um lar para elas.
As crianças se reuniam nas praças, ruas e em casas particulares. Robert Raikes pagava um pequeno salário às professoras que necessitavam, outras pagavam suas despesas do seu próprio bolso. Havia, também, algumas pessoas altruistas da cidade, que contribuíam oara este nobre esforço.
Movimento mundialNo começo Raikes encontrou resistência ao seu trabalho, entre aqueles que ele menos esperava – os líderes das igrejas. Achavam que ele estava profanando o domingo sagrado, e profanando as suas igrejas com as crianças ainda não comportadas. Havia nestas aturas, algumas igrejas que estavam abrindo as suas portas para classes bíblicas dominicais, vendo o efeito salutar que estas tinham sobre as crianças e jovens da cidade. Grandes homens da igreja, tais como João Wesley, o fundador do metodismo, logo ingressaram entusiasticamente na obra de Raikes, julgando-a ser um dos trabalhos mais eficientes para o ensino da Bíblia.
As classes bíblicas começaram a se propagar rapidamente por cidades vizinhas e, finalmente, para todo o país. Quatro anos após a fundação, a Escola Dominical já tinha mais de 250 mil alunos, e quando Robert Raikes faleceu em 1811, já havia na Escola Dominical 400 mil alunos matriculados.
A primeira Associação da Escola Dominical foi fundada na Inglaterra em 1785, e no mesmo ano, a União das Escolas Dominicais foi fundada nos Estados Unidos. Embora o trabalho tivesse começado em 1780, a organização da Escola Dominical em caráter permanente, data de 1782. No dia 3 de novembro de 1783 é celebrada a data de fundação da Escola Dominical. Entre as igrejas protestantes, a Metodista se destaca como a pioneira da obra de educação religiosa. Em grande parte, esta visão se deve ao seu dinâmico fundador João Wesley, que viu o potencial espiritual da Escola Dominical, e logo a incorporou ao grande movimento sob sua liderança.
A Escola Bíblica Dominical surgiu no Brasil em 1855, em Petrópolis (RJ). O jovem casal de missionários escoceses, Robert e Sarah Kalley, chegou ao Brasil naquele ano, e logo instalou uma escola para ensinar a Bíblia para as crianças e jovens daquela região. A primeira aula foi realizada no domingo, 19 de agosto de 1855. Somente cinco participaram, mas Sarah, contente com “pequenos começos” contou a história de Jonas, mais com gestos, do que palavras, porque estava só começando a aprender o português. Mas, ela viu tantas crianças pelas ruas, e seu coração almejava ganhá-las para
Jesus. A semente do Evangelho foi plantada em solo fértil.
Com o passar do tempo aumentou tanto o número de pessoas estudando a Bíblia, que o missionário Kalley iniciou aulas para jovens e adultos. Vendo o crescimento, os Kalleys resolveram mudar para o Rio de Janeiro, para dar uma continuidade melhor ao trabalho e aumentar o alcance do mesmo. Este humilde começo de aulas bíblicas dominicais deu início à Igreja Evangélica Congregacional no Brasil.
No mundo, há muitas coisas que pessoas sinceras e humanitárias fazem, sem pensar ou imaginar a extensão de influência que seus atos podem ter. Certamente, Robert Raikes nunca imaginou que as simples aulas que ele começou entre crianças pobres, analfabetas da sua cidade, no interior da Inglaterra, iriam crescer para ser um grande movimento mundial. Hoje, a Escola Dominical conta com mais de 60 milhões de alunos matriculados, em mais de 500 mil igrejas protestantes no mundo. É a minúscula semente de mostarda plantada e regada, que cresceu para ser uma grande árvore cujos galhos estendem-se ao redor do globo.
Ruth Dorris Lemos é missionária norte-americana em atividade no Brasil, jornalista, professora de Teologia e uma das fundadoras do Instituto Bíblico da Assembléia de Deus (IBAD), em Pindamonhangaba (SP)
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FotosCrédito: Igreja Evangélica FluminenseLegenda: Os missionários Robert e Sarah Kalley, instrumentos usados por Deus para fundar a Escola Dominical no Brasil
Crédito: Gernheim/Igreja Evangélica FluminenseLegenda: Residência do casal Kalley, em Petrópolis, onde funcionou a primeira aula de Escola Dominical.
Fonte:
CPAD

Sete dicas para dar aulas melhor.

1 – Incite, não informe

Uma boa aula não termina em silêncio, ou com os alunos olhando para o relógio. Ela termina com ação concreta. Antes de preparar cada aula, pergunte-se o que você quer que seus alunos aprendam e façam e como você os convence disso?Olhe em volta, descubra o que pessoas, nas mais diferentes profissões, fazem para conseguir a atenção dos outros. Por exemplo, ao fazer um resumo de uma matéria, não coloque um “título”; imagine-se um repórter e coloque uma manchete. Como aquela matéria seria colocada em um jornal ou revista? Use o espírito das manchetes, não seja literal, nem tente ser um professor do tipo:Folha: Números Primos encontrados no congresso. 68% dos outros algarismos são contra.IstoÉ: Denúncia: A conta secreta de Maurício de Nassau. Fernando Henrique poderia estar envolvido, se já fosse nascido.Zero Hora: O Mar Morto não fica no Rio Grande do Sul. Apesar disso, você precisa conhecê-lo.Caras: Ferro diz que relacionamento com oxigênio está corroído: “Gás Nobre coisa nenhuma”.

2 – Conheça o ambiente

Você nunca vai conseguir a atenção de uma sala sem a conhecer. Onde moram os alunos e como eles vivem – quem vem de um bairro humilde de periferia não tem nada a ver com um morador de condomínio fechado, apesar de, geograficamente, serem vizinhos. Quais informações eles tiveram em classes anteriores, quais seus interesses. Mesmo nas primeiras séries cada pessoa tem suas preferências e o grupo assume determinada personalidade.

3 – No final das contas (e no começo também)

As partes mais importantes de uma aula são os primeiros 30 e os últimos 15 segundos. Todo o resto, infelizmente, pode ser esquecido se você cometer um erro nesses momentos.Os primeiros 30 segundos (principalmente das primeiras aulas do ano ou semestre) são um festival de conceituação e de cálculo dos discentes. Mesmo inconscientemente, eles respondem às seguintes questões:- Quem é esse professor? Qual seu estilo?- O que posso esperar dessa aula hoje e durante todo o ano?- Quanto da minha atenção eu vou dedicar?E isso, muitas vezes, sem que você tenha aberto a boca.

4 – Simplifique

Você certamente já presenciou esse fenômeno em algumas palestras: elas acabam meia hora antes do final. Ou seja, o apresentador fala o que tinha que falar, e passa o resto do tempo enrolando. Ou então, pior, gasta metade da apresentação com piadas, truques de mágica, histórias pessoais que levam às lágrimas, “compre meu livro” e aparentados, e o assunto, em si, é só apresentado no final – se isso.Por isso, uma das regras de ouro de uma boa aula é – simplifique, tanto na linguagem como na escrita. Caso real: reunião de condomínio na praia, uma senhora reclamava que sua TV não funcionava direito.Explicaram-lhe que era necessário sintonizar em UHF. Ela então perguntou para quê a diferença entre UHF e VHF. Um vizinho prestativo passou a discorrer sobre diferenças na recepção, como uma transmissão poderia interferir na outra, nas características geográficas… Ela continuava com aquela cara de quem não entendia nada. Até que um garoto resumiu a questão em cinco letras:“AM e FM.”“Ahhh, entendi.”Escrever e falar da maneira mais simples possível não significa suavizar a matéria ou deixar de mencionar conceitos potencialmente “espinhosos”. Use e abuse de exemplos e analogias. Divida a informação em blocos curtos, para que seja melhor assimilada.

5 – Ponha emoção

Certo, você tem PhD naquela área, pesquisou o assunto por meses a fio, foi convidado para dar aulas em faculdades européias. Mesmo assim, seus alunos podem não prestar atenção em você. Segundo estudos, o impacto de uma aula é feito de:- 55% estímulos visuais – como você se apresenta, anda e gesticula;- 38% estímulos vocais – como você fala, sua entonação e timbre;- e apenas 7% de conteúdo verbal – o assunto sobre o qual você fala.Apoiar-se somente na matéria é uma forma garantida de falar para a parede, já que grande parte dos alunos estará prestando atenção em outra coisa. Treine seus gestos, conte histórias, movimente-se com naturalidade. Passe sua mensagem de forma intererssante.Para o bem e para o mal, você dá aula para a geração videoclipe. Pessoas que foram criadas em frente aos mais criativos comerciais, em que videogames mostram realidades fantásticas. Entretanto, a tecnologia deve ser encarada como aliada, e não inimiga – apresentações multimídia, aparelhos de som, videocassetes – tudo isso pode ser usado como apoio à sua aula.

6 – A pedra no sapato

Pode ser a bagunça da turma do fundão. No ensino médio e superior, pode ser aquele aluno que duvida de tudo o que você diz pelo simples prazer de duvidar. Ou pode até ser um livro esquecido, ou computador que resolve não funcionar.De qualquer maneira, grande parte do sucesso de sua aula depende de como você lida com esses inesperados. Responda a uma pergunta de maneira rude ou desinteressada, e você perderá qualquer simpatia que a classe poderia ter por você. Seja educado e solícito – a pior coisa que pode acontecer a um professor é perder a calma.A razão é cultural e muito simples: tendemos sempre a torcer pelo mais fraco. Neste caso, seu aluno. A classe inteira tomará partido dele, não importa quem tenha a razão.Se um discípulo fizer um comentário rude, repita o que ele disse e fique em silêncio por alguns instantes – são grandes as chances de ele se arrepender e pedir desculpas. Se for preciso, diga algo como “Estou pensando no que você disse. Podemos falar sobre isso após a aula?” Outra forma de se lidar com a situação é responder a questão na hora, ponderadamente – e para toda a classe, não apenas para quem perguntou. Termine sua exposição fazendo contato visual com outro aluno qualquer, por duas razões – a expressão dele vai lhe dizer o que a turma inteira achou do que você disse, ao mesmo tempo que desistimula outras participações inoportunas do aluno que o interrogou.Não transforme sua aula em um debate entre você e um aluno – há pelo menos mais 20 e tantas pessoas presentes que merecem sua atenção.

7 – Pratique

Sua aula, como qualquer outra ação, melhora com o treino. Muitos professores se inteiram da matéria, e só treinam a aula uma vez – exatamente quando ela é dada, na frente dos alunos. Não é de se admirar que aconteçam tantos problemas com o ritmo – alguns tópicos são apresentados de maneira arrastada, outras vezes o professor termina o que tem a dizer 20 minutos antes do final da aula. Sem falar nos finais de semestre em que se “corre” com a matéria.
Só há uma maneira de evitar tais desastres. Treine antes. Dê uma aula em casa para seu cônjuge/filhos ou, na falta desses, para o espelho. Não use animais de estimação, são péssimos alunos – seu cachorro gosta de tudo o que você faz e os gatos têm suas próprias prioridades, indecifráveis para as outras espécies. E o que se busca com o treino é,principalmente, uma crítica construtiva.

Como formar novos educadores cristãos

Por: Valmir Nascimento (publicado na Revista Ensinador Cristão)

Mui esplêndidas são as lições que extraímos das páginas das Escrituras Sagradas ao “vislumbrarmos” os atos e “ouvirmos” as penetrantes palavras do Mestre Jesus. Aprendemos com suas cativantes parábolas, somos instruídos por seus sábios conselhos e redargüidos por seus incontestáveis sermões. E, como se não bastassem essas magníficas lições, facilmente percebidas nos relatos bíblicos, pelo fulgor de sua clareza. Existem, ainda, grandes ensinamentos que, como pérolas em ostras se escondem. Aprendizados que estão nas entrelinhas das ações do Mestre. Instruções quase imperceptíveis, porém, de valor inestimável.
Encontramos uma dessas pérolas no milagre da multiplicação dos pães. Trata-se de uma passagem
bíblica de notório conhecimento, cujo teor das frestas poderia passar despercebido. É algo simples, no entanto, revela-nos um dos grandes fundamentos do ministério terreno de Cristo como corolário da sua missão. Vejamos a cena:
Uma multidão de pessoas se aglomera para ver e ouvir o Nazareno. É chegada a hora da refeição e todos estão famintos. Eles têm somente cinco pães e dois peixinhos para alimentar a turba. Os discípulos estão preocupados; o Mestre, tranqüilo. O desfecho é que com esse pequeno lanche, Jesus, miraculosamente, saciou a fome de cinco mil homens, além de mulheres e criança.
O exemplo do Mestre: A lição da participação
Qual a lição que tiramos dessas histórias? A resposta está no texto de Mateus 14:19 “…e partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão”; fato esse que também se repete em Mateus 15:36. Note que o mestre pega os pães e, um a um entrega-os primeiramente aos discípulos para que esses repassem à multidão. Essa é a lição da multiplicação; o ensino da participação.Jesus poderia ter entregado diretamente os pães às pessoas que ali estavam. No entanto, o Mestre, sabiamente, resolveu passar pela mão de cada discípulo primeiro. Tudo fazia parte da preparação dos apóstolos. Afinal não bastava que eles somente ouvissem, era-lhes necessário agir. Eis que eram homens que dariam continuidade à obra de Cristo na pregação do evangelho e na implantação do Reino na terra. Paulo também confirmou esse ministério com as seguintes palavras: “E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar a outros” II Tim. 2:2.
O ministério da multiplicação de talentos também deve estar presente na Igreja atual. É imprescindível que o “Corpo de Cristo” prepare novos talentos que dêem continuidade à educação cristã de forma eficiente e qualificada. Para isso, é preponderante que a direção das Igrejas e das Escolas Dominicais invistam em ações com vistas a encontrar e formar os novos aspirantes ao ensino bíblico, preparando-os e treinando-os de forma planejada e consistente, evitando-se, assim, a descontinuidade do ensino bíblico para os dias atuais.
Esse planejamento envolverá três grandes desafios: 1) Como localizar os aspirantes à educação cristã; 2) Como treiná-los e capacitá-los e; 3) Como introduzir o novo educador no ensino da Escola Dominical. Assim, nos lançamos aqui a esse desafio de repassar algumas estratégias que vêm, pela graça de Deus, logrando êxito.
Quem são eles: Encontrando os novos educadores
Outra lição que aprendemos com Jesus é a escolha da sua equipe. Quando do recrutamento dos seus discípulos, o Mestre separou homens não pelo que faziam (ofício) ou pelo que tinham (posses), mas pelo que queriam (objetivo).
Importante era que seus discípulos tivessem duas características marcantes: vontade de aprender e desejo de ensinar. Deveriam estar dispostos a darem tudo de suas vidas pela Missão.
O primeiro passo, rumo à multiplicação de talentos na Igreja, consiste na localização dos aspirantes ao ensino. Deve-se saber, à priori, quem são as pessoas interessadas em trabalhar com a Escola Dominical, pois, assim como qualquer função eclesiástica, o ensino da Palavra de Deus requer uma atitude voluntária e espontânea. A liderança deve necessariamente escancarar as portas para as pessoas vocacionadas, interessadas e completamente comprometidas em levar conhecimento ao próximo e fechá-las para os desinteressados e descomprometidos. Pois, infelizmente, temos visto constantemente novos professores que são “jogados” em algumas salas de aulas, os quais não possuem vocação, tampouco qualificação.
Recrutar professores para a Escola Dominical, não é das tarefas mais fáceis. Marcos Tuler assevera que “A maior dificuldade, por
incrível que pareça, reside na indisponibilidade dos recursos humanos ou na imperícia e insensibilidade para lidar com eles”. Segundo Tuler, os professores devem ser escolhidos com base na vocação, aptidões específicas e na chamada divina para o magistério cristão. Assim, entendo que uma análise superficial do pretenso professor, não seria o suficiente para saber se o mesmo possui tais atributos, devendo, portanto, haver um acompanhamento continuado para tal verificação.1
Destarte, inicialmente o importante é saber “o que eles querem”. Qual o objetivo dos aspirantes no tocante ao ensino. Para essa “seleção” não se pode, nem se deve levar em consideração somente a graduação do pretenso professor (Não podemos negligenciar que o preparo acadêmico e a formação intelectual são de enorme valia, porém, não podemos perder de vista que estamos formando novos educadores, e isso requer tempo e planejamento), nem tampouco seu sobrenome; antes, o interesse que o mesmo tem pelo ensino e a chamada de Deus para o ministério.
Inicialmente, o levantamento dos aspirantes poderá ser efetuado mediante um questionário junto aos membros da Igreja. As questões deverão enfocar o interesse do aspirante pelo ensino e o motivo pela qual pretendem fazê-lo. É importante que o questionário seja escrito, pois, diversas vezes os irmãos mais tímidos têm receio de exporem pessoalmente sua aspiração pelo ensino. Outra importante
informação que se deve buscar já nesse primeiro questionário é saber para qual classe de alunos o aspirante pretende lecionar; qual a sua vocação por faixa etária (crianças, adolescentes, adultos, etc). Caso o mesmo não tenha ainda em mente qual a turma, poderá futuramente fazer um “estágio” em cada uma das salas, visando mostrar-lhe a realidade de cada turma, o que, logo após, terá ele a capacidade de decidir qual faixa etária escolher.
Como treiná-los: Capacitando os novos educadores
Jesus aproveitava todos os cenários e todos os momentos para ensinar. Ele usava o cotidiano e a realidade das pessoas. Não era necessária a realização de um evento específico sobre determinado assunto para o Mestre educar. Assim, o melhor local para iniciar a preparação dos futuros professores é na própria classe da Escola Dominical. É na EBD que eles terão o contato com a realidade do ensino; ali presenciarão o cotidiano da educação dominical. Desta forma, é importante que não somente a liderança empenhe-se na formação dos novos educadores, mas principalmente que exista a contribuição efetiva dos professores que já atuam no ensino, os quais serão os primeiros guias dos aspirantes. É por isso que devemos alertar: O bom mestre é aquele que é capaz de formar não somente alunos, mas, principalmente, outros professores. O bom mestre não somente repassa conteúdo, antes, busca formar nos alunos o caráter cristão, capacitando-os a repassarem avante tais ensinamentos.
Para tanto, é necessário que o mestre incentive os aspirantes às pesquisas, para que em todas as aulas estejam preparados. O estímulo à leitura de bons livros é outro aspecto de relevância, e, sempre que possível deverá apresentar na classe da EBD os livros nos quais tem se baseado para preparar suas aulas, motivando-os a adquirirem tais obras. Assim, o mestre estará gerando neles um ardente desejo de aperfeiçoamento. E finalmente, outra ação de alto relevo, consiste no incentivo, de todas as maneiras possíveis, ao estudo sistemático e planejado da lição a ser ministrada. Devendo os aspirantes, estarem preparados em salas de aulas, para participarem ativamente do estudo, devendo, portanto, tal atitude ser requerida constantemente dos mesmos.
É claro que também não poderíamos nos esquecer de mencionar que o treinamento dos novos educadores poderá e – deverá – ser feito através da participação em seminários, congressos e palestras sobre o ensino na EBD. Eventos que abordem a didática, tanto na educação cristã quanto secular. E louvamos a Deus que dia após dia surgem novos eventos como esses, os quais apresentam excelentes recursos e novas técnicas para a qualificação da arte de ensinar. Por isso, a direção deve empenhar-se, sem reservas, em financiar a participação dos aspirantes, para que os esses presenciem esses acontecimentos e, se possível, a própria Igreja realize-os periodicamente.
Como iniciar a atividade dos novos educadores
Um início mal formulado pode gerar grandes frustrações no aspirante. Portanto, a introdução do aspirante deverá se dar de maneira moderada e bem planejada. Afinal, a moderação é melhor caminho para o êxito.
Comece usando o aspirante como monitor da classe. Nessa fase ele será responsável por fazer pesquisa referente ao tema objeto do estudo; devendo estar preparado em sala de aula. No momento do ensino o professor titular poderá iniciar a concessão de oportunidades para que o mesmo exponha à turma sobre a sua pesquisa, ou que demonstre qualquer outro ponto de vista sobre a lição.Depois, escale-os, com antecedência, para dar a introdução da lição que será estudada; concedendo de 05 (cinco) a 10 (dez) minutos. Caso haja mais de um aspirante, será necessária a elaboração de uma tabela de rodízio entre os aspirantes. Em seguida, e de acordo com o grau de facilidade de cada aspirante, vá concedendo mais tempo para que eles lecionem.
É importante que após cada aula ou participação do aspirante, o professor dê a ele um feedback (retorno) acerca da sua exposição. Mencionando os pontos positivos e os pontos negativos, enfatizando as suas qualidades e o que pode ser melhorado. Mas lembre-se, sempre procurando evitar a crítica exagerada.Realize constantemente reuniões somente com os aspirantes, visando sanar algumas dúvidas, ouvir sugestões e apresentar algumas experiências de ensino que sejam de relevância para eles. Faça oficinas, coloque-os para lecionarem sobre qualquer assunto bíblico entre eles mesmos, para que percam a inibição de falarem em público.
Entendendo o que é ser um multiplicador de talentos
Para terminar, repassarei um exemplo que tornará claro a idéia sobre multiplicadores de ensino e o que isso representa no mundo espiritual.
Um professor de Escola Dominical do século passado que conduziu um vendedor de calçados a Cristo. O nome do professor você pode nunca ter ouvido: Kimball. O nome do vendedor de calçados que ele converteu você certamente conhece. Dwight Moody.
Moody tornou-se evangelista e exerceu grande influencia na vida de um jovem pregador chamado Frederick B. Meyer. Meyer começou a pregar nas faculdades e, durante suas pregações, converteu J. Wilbur Chapman. Chapman passou a trabalhar com a Associação Cristã de Moços e organizou a ida de um ex-jogador de beisebol chamado Billy Sunday a Charlote, Carolina do Norte, para realizar um reavivamento espiritual. Um grupo de líderes comunitários de Charlotte entusiasmou-se de tal maneira com o reavivamento que planejou outra campanha evangelística, convidando Mordecai Hamm para pregar na cidade. Durante essa campanha um jovem chamado Billy Graham entregou sua vida a Cristo. E Graham por sua vez levou milhares de pessoas a Cristo.1
Será que o professor da Escola Dominical de Boston imaginava qual seria o resultado de sua conversa com o vendedor de calçados? Não! Mas, da mesma forma que aconteceu com ele poderá acontecer conosco. Sejamos não somente professores, mas, sobretudo, multiplicadores de talentos!

Lição 01 - Corinto – Uma Igreja Fervorosa, mas não Espiritual

Leitura Bíblica em Classe
1 Coríntios 3.1-9

Introdução:
I. O Contexto da Época
II. O Fervor Religioso e a Espiritualidade
III. A Missão Discipuladora da Igreja


Conclusão:

Título deste subsídio: Fervor e Espiritualidade
Autor: César Moisés Carvalho
Palavras-chave: Fervor. Espiritualidade. Fruto

Autor deste comentário: César Moisés Carvalho. Autor das obras O Mundo de Rebeca e Marketing para Escola Dominical, ambos da CPAD.



Fervor e Espiritualidade

Duas questões que não podem deixar de ser debatidas na primeira aula sobre 1 Coríntios

1 – Qual a importância – para a igreja, nos dias atuais – de se estudar a Primeira Epístola aos Coríntios?

Sua importância reside no fato de que ela aborda questões doutrinárias que são cruciais para os problemas contemporâneos. Qualquer líder, estudioso ou cristão leigo que quiser entender a dinâmica de funcionamento de uma igreja, deve consultar a primeira epístola de Paulo aos Coríntios. A amostragem recolhida da igreja coríntia é suficiente para uma ampla visão dos problemas e virtudes de uma comunidade cristã. Por exemplo, pelo que se conhece daquela igreja, em virtude – principalmente dos escândalos –, a epístola inicia de maneira aparentemente paradoxal, pois Paulo se reporta aos seus membros chamando-os de “santos” (1.2). Como podem ser “santos” se viviam em uma profunda letargia e inércia em relação ao pecado? A idéia não é que eles “santificam-se” por algum procedimento ascético ulterior e assim passam a ser considerados. Ocorre justamente o contrário: pelo fato de eles “serem santos” – posicionalmente – isto é, “santificados em Cristo” devem, conforme Efésios 4.1 andar dignos “da vocação [posição em que se encontram] com que foram chamados”. Em outras palavras, não é ter vida santa para se tornar santo, mas por ser santo é que deve viver uma vida santa!
Como o momento em que vivemos é de polarização, devemos nos cuidar com os dualismos – assim como a igreja de Corinto – e vivermos sob a orientação da Palavra de Deus, fazendo (cf. 1 Co 16.14; ARA) todas as coisas com amor.
2 – Por que a igreja de Corinto era considerada “fervorosa” mas não espiritual? Qual a diferença entre fervor e espiritualidade?

A prova de que uma igreja é espiritualmente sadia, não é o número de dons carismáticos que os seus membros possui, mas a maneira com que ela lida com o problema do pecado, cultiva o fruto do Espírito e vivencia a comunhão e amor cristãos. Infelizmente, não é possível identificar esta postura da igreja coríntia. A lassidão com o erro, prova que não havia, de fato, espiritualidade. Pois é possível ser fervoroso e carnal, mas o mesmo não ocorre com a espiritualidade.
As expressões de alegria e as manifestações do Espírito (que ainda é preciso averiguar se procedem mesmo do Espírito, ou se são apenas atitudes mecânicas, emocionalistas e habituais!), podem ser meramente circunstanciais, fruto do momento, do embalo coletivo. Se a espiritualidade for aferida apenas por tais manifestações externas, torna-se praticamente impossível distinguir fervor de espiritualidade, pois neste sentido é tênue e limítrofe a linha que as separam. Pelo que se entende do texto de Romanos 12.11, o fervor, devidamente orientado e dirigido, é importante, pois forma uma “combinação de disciplina pessoal (lit., ‘com zelo, não indolente’) com o poder do Espírito Santo (cf. At 1.8; 1 Ts 5.19)” (Comentário Bíblico Pentecostal, CPAD, p.896). Porém, não se pode dizer que uma pessoa com um temperamento mais comedido que outra, não seja fervorosa, no sentido paulino ou bíblico. A facilidade com que uma pessoa menos formal e aberta tem de manifestar-se publicamente, não pode ser interpretada como intimidade com Deus em detrimento do indivíduo que, por natureza, é moderado. Por outro lado, a pessoa recatada, não deve acusar a espontaneidade do seu irmão que é mais eufórico. O ponto que define ambos como “espirituais” são as suas obras e frutos. Elas demonstram se são salvos e, conseqüentemente, transformados pelo Espírito de Deus.
A verdadeira espiritualidade – definida por Paulo – em Romanos 12.1 é a entrega plena do ser (espírito, alma e corpo). É a certeza de que tudo que se faz o é para Deus sob a perspectiva da adoração consciente em todas as coisas, mesmo naquelas aparentemente sem importância alguma.
Aduz-se, portanto, que a verdadeira espiritualidade não é estanque, compartimentada, para ser vivida apenas numa dimensão. Espiritualidade que se expressa apenas nos aparentes limites do culto coletivo é hipocrisia. A verdadeira espiritualidade é também demonstrada por Paulo, na própria primeira epístola aos Coríntios, quando ele diz no capítulo 10, versículo 31: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para gl
ória de Deus”.

Lição 02 - Corinto – A Superioridade da Mensagem da Cruz

Leitura Bíblica em Classe
1 Coríntios 2.1-10

Introdução:
I. A Natureza da Pregação Bíblica (2.1-5)
II. O Contraste entre a Falsa e a Verdadeira Sabedoria (2.6-16)


Conclusão:

Título deste subsídio: A Essência da Mensagem Cristã
Palavras-chave: Mensagem da Cruz


Na passagem bíblica que serve de tema à aula deste domingo vemos que o apóstolo Paulo destacou algumas verdades fundamentais sobre a natureza, o caráter e a supremacia da mensagem da cruz de Cristo. Vejamos, com a ajuda do Comentário Bíblico Beacon, essas verdades.

1. CONHECIMENTO PESSOAL VERSUS REVELAÇÃO DIVINA (2.1-6)

Paulo havia feito uma escolha em seu método de pregação. Sem dúvida a sua mente era tão ativa e alerta quantos seus esforços físicos. Ele era um homem de grande erudição e amplo aprendizado. Mas em algum lugar ao longo de seu aprendizado ministerial, ele havia feito uma escolha entre inflamar a mensagem do evangelho na sabedoria humana e pessoal, ou declará-la de acordo com a revelação divina. Por causa desta escolha deliberada de proclamar o evangelho como uma revelação divina, a pregação de Paulo tinha várias características significativas.

1. Sua Pregação era Simples (2.1)

Quando pregava, Paulo não o fazia com sublimidade de palavras ou sabedoria, mas simplesmente proclamava a mensagem que lhe fora dada. Simplicidade não significa superficialidade. Também não indica a ausência de habilidade mental ou de estudo árduo e preparação cuidadosa. Simplicidade significa declarar a verdade com uma linguagem clara, direta e compreensível. Paulo evitava uma exibição de truques oratórios confusos. Sua pregação era desprovida de sugestões filosóficas sutis. Não havia nenhuma conversa teológica dupla, e nada misterioso ou oculto. Deus havia lhe dado uma mensagem e ele entregou o testemunho de Deus.

2. Sua Pregação era Centralizada em Cristo (2.2)

Paulo deliberadamente excluiu de sua mensagem tudo que não fosse a revelação da obra expiatória de Cristo. Em sua pregação “ele intencionalmente separou os elementos diferentes do conhecimento humano, pelos quais ele pode ter sido tentado a apoiar a pregação da salvação”.

Quando Paulo pregou a Jesus Cristo, e este crucificado, ele selecionou o ponto singular que era o mais criticado pelos judeus e gentios.

3. Preocupação, Poder e Propósito (2.3-5)

Paulo, na ocasião em que foi a Corinto pela primeira vez, disse: “E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor”. Paulo não tinha um medo covarde da violência física, ou uma atitude sensível excessiva em relação à opinião popular. Antes, ele foi a Corinto com um sentimento de máxima preocupação pela gigantesca tarefa de pregar o evangelho em uma cidade completamente corrupta. Paulo não estava relutante em ir a Corinto, nem estava envergonhado do evangelho. Mas ele estava extremamente preocupado com a seriedade de sua missão. Ele teve uma “ansiedade apreensiva de cumprir um dever”. A pregação e as palavras de Paulo eram poderosas. Elas não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder. Seu uso das palavras, sua ordem de idéias e seu conteúdo não foram criados para ganhar aplausos. Ele conhecia a reputação de Corinto, onde a “arte espúria de persuadir sem instruir” era considerada em elevada estima.

O propósito da pregação de Paulo era estabelecer os convertidos na fé, fundamentando-os no poder divino.

4. Conhecimento Humano Versus Revelação Divina (2.6-9)

Paulo estava certo de que falava a verdade quando pregava o evangelho. Ele constantemente mostrava os benefícios práticos da sabedoria humana e do vazio da sabedoria humana. Para ele, a sabedoria (entendimento) que vinha de Deus só era reconhecível através da experiência pessoal. Neste sentido, a sabedoria é mais que conhecimento, inspiração, ou prudência com respeito à cruz de Cristo.

Paulo não possuía fé na sabedoria do homem em relação à redenção. Assim, a mensagem do evangelho não era a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes (governantes) deste mundo, que se aniquilam. A sabedoria de Deus revela seus propósitos e plano na redenção, enquanto que a sabedoria dos líderes humanos se torna inevitavelmente ineficaz e inoperante. O conhecimento do homem não pode resultar na redenção da raça, nem pode conseguir paz, prosperidade e segurança permanentes para nós. Quando Paulo se referiu à sabedoria de Deus, oculta em mistério, ele não estava se referindo a um enigma ou a um evento que o homem considera difícil de resolver. No vocabulário de Paulo, a sabedoria era um mistério (mysterion) no sentido de que a razão humana era incapaz de penetrar nela, ou de descobri-la. Paulo também usou o termo mistério no sentido de algo que esteja oculto a alguém que ainda não faça parte do grupo. Uma vez que a iniciação da pessoa neste grupo tenha ocorrido, todas as coisas anteriormente desconhecidas são reveladas claramente. Portanto, a sabedoria de Deus é uma sabedoria oculta, significando que os homens que rejeitam a Cristo não podem entendê-la. Além disso, Deus ordenou a sua sabedoria antes dos séculos. Ele havia mostrado com antecedência o método de redenção do homem.

5. O Homem Espiritual Versus o Homem Natural (2.10-16)

Um dos aspectos incomparáveis do evangelho cristão é a sua classificação simples, embora forte, dos homens como espirituais e naturais. O homem natural vive de acordo com a razão humana ou impulsos humanos. O homem espiritual recebe vida do Espírito Santo e é dirigido pelo Espírito Santo.

a) O Homem Espiritual (2.10-13). Além de Jesus Cristo, a única pessoa que pode nos dizer a verdade a respeito de Deus é o Espírito Santo. No que diz respeito aos fatos espirituais, Paulo escreve: Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito. A declaração: O Espírito penetra todas as coisas, não significa que Ele investiga ou indaga todas as coisas. A frase significa que o Espírito Santo possui “conhecimento completo e exato”. A revelação de Deus é feita pelo Espírito Santo. “As profundezas de Deus designam a essência de Deus, portanto, seus atributos, vontades e planos”.

b) O Homem Natural (2.14). Em contraste com o homem espiritual está o homem natural. A palavra para natural (psychikos) sempre denota “a vida do mundo natural e aquilo que pertence a ele, em contraste com o mundo sobrenatural, que é caracterizado pelo pneuma (espírito)”. Portanto, o homem natural é “aquele que possui... simplesmente o órgão da percepção puramente humana, mas que ainda não possui o órgão da percepção religiosa no... espírito”. O homem natural possui apenas os poderes comuns do homem separado de Deus; como tal, ele não compreende as coisas do Espírito de Deus... e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

Visto que as habilidades naturais do homem “são totalmente corruptas por causa do pecado, conseqüentemente toda a atividade de sua alma e mente será obscurecida”. As coisas espirituais são loucura para o homem natural, porque tal homem vive como se a totalidade da vida estivesse nas coisas físicas; ele vive somente para este mundo. Seus valores são baseados no material e no físico, e ele julga todas as coisas à luz destes termos. Tal homem simplesmente não pode entender as coisas espirituais. Aquele que pensa apenas em termos de gratificação sexual não pode entender o significado da castidade; uma pessoa dedicada a acumular bens materiais não pode compreender o significado da generosidade; um homem motivado por um desejo de poder não pode saber o significado do serviço sacrificial; um indivíduo cuja vida é guiada por atitudes mundanas não pode apreciar os impulsos interiores e espirituais. Pelo fato de o homem natural não abrir a sua vida para o Espírito Santo, ele considera toda a vida e valores espirituais como loucura.

Extraído do Comentário Bíblico Becon, vol 8, págs. 256, 257, CPAD.

Lição 03 - Partidarismo na Igreja

Leitura Bíblica em Classe
1 Coríntios 1.10-13; 3.1-6

Introdução:
I. Uma Igreja, Quatro Partidos (1 Co 1.10-12)
II. A Igreja e a Diversidade de Seus Ministérios (1 Co 3.1-10)


Conclusão:

Título deste subsídio: O partidarismo entre os crentes produz dissensões na igreja
Palavras-chave: Secular, carnal


Um dos problemas mais evidentes em Corinto era o das divisões espirituais. Durante a ausência de Paulo a igreja havia desenvolvido grupos fechados, conflitantes facções egoístas que ameaçavam despedaçar a sua comunhão. O problema era antigo. Paulo tentou mostrar a natureza não-cristã de um grupo rixoso, dividido e crítico de crentes professos. Ele afirmou que a nova experiência em Jesus Cristo poderia resolver este antigo problema. Ao defender a unidade cristã, Paulo apresentou vários contrastes, ou comparações, entre a vida dirigida pelo Espírito em Cristo, e a vida egoísta e carnalmente motivada dos coríntios.
1. EXORTAÇÃO À UNIDADE (1.10)

a) Paulo suplica aos coríntios em palavras fortes e persuasivas: digais todos uma mesma coisa. Esta é uma expressão clássica usada em relação às comunidades políti cas que estão livres de tensões, ou em relação a nações diferentes que estabelecem cordi ais relacionamentos diplomáticos e comerciais.
A palavra para dissensões (schismata) significa "fenda", "fissura", ou "divisão". O termo é usado por Marcos (2.21) e por Mateus (9.16) para descrever um rasgo em uma vestimenta velha. João usa a palavra (7.43) para descrever uma divisão de opinião entre as pessoas com respeito a Jesus. Paulo usa a mesma palavra em referência aos grupos pretensiosos que faziam da observância da Ceia do Senhor uma zombaria (11.18). Na expressão sejais unidos, Paulo usa um termo médico. Barclay explica o termo como "uma palavra médica usada em relação à ligadura de ossos que foram fraturados, ou à ligadura de uma junta que foi deslocada".! Paulo deseja que eles cheguem a um entendi mento correto e a uma unidade de opinião, ou julgamento.
2. RELATÓRIO DA DISSENSÃO (1.11)

Paulo tinha recebido um relatório da família de Cloe: Me foi comunicado pelos da família de Cloe que há contendas entre vós. Cloe não é conhecida, exceto pela referência neste ponto. O fato de Paulo se referir a ela serve a três propósitos. Indica que este relatório não era constituído de rumores infundados ou burburinhos inconseqüentes no "campo eclesiástico". Isto também sugere que Cloe era uma mulher de caráter e de boa posição. Além disso, a referência sugere que a igreja tinha elevado mulheres a uma posição de dignidade e respeito.
A palavra que Paulo usa para contendas significa discussões amargas. O grego (eris) é "um termo empregado por Homero para significar 'batalha' na obra Ilíada e 'con tenda' ou 'rivalidade' na obra Odisséia". Um significado ainda mais forte desta palavra é apresentado na expressão "quando o ódio me domina". As divisões em Corinto não eram leves divergências de opiniões. Eram disputas arraigadas que ameaçavam a exis tência da igreja.
3. AS DIVISÕES NA IGREJA (1.12)

As divisões na igreja eram o resultado de uma associação carnal aos nomes de líde­res humanos. Não havia qualquer desacordo entre estes próprios líderes. Mas o desacor do surgiu quando certas pessoas insistiram na autoridade de um líder sobre outro. Al guns estavam dizendo: Eu sou de Paulo, e eu, de ApoIo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo. Portanto, parecia haver uma divisão quádrupla.
a) O Grupo de Paulo. O grupo de Paulo era provavelmente uma combinação de cren tes simples e sinceros e a "velha guarda", composta dos patriarcas fundadores, ou mem bros fundadores. Sua preocupação pode ter sido basicamente espiritual. Mas o fato de eles exibirem o espírito faccioso também indicava que podem ter desejado usar a sua condição de mais velhos para exigir prioridade sobre a liderança da igreja. Ou podem ter tendido a fazer da liberdade em Cristo pregada por Paulo uma desculpa para uma liber tinagem não autorizada. De qualquer maneira, Paulo não se deixou seduzir pela falsa lealdade desses coríntios em relação a ele.

b) O Grupo de ApoIo. De acordo com Atos 18.24, Apolo era um homem eloqüente, bem instruído nas Escrituras. Com a grande ênfase sobre a expressão verbal em Corinto, era natural que alguns tivessem preferido o eloqüente ApoIo ao menos impressionante Paulo (2 Co 10.10). ApoIo era de Alexandria, e pode ter tido uma formação intelectual interessante que, acrescida de sua habilidade oratória, teria feito dele um pregador que atraía muitas pessoas.

c) O Grupo de Cefas. Aqueles que seguiam a liderança de Pedro eram judeus conver tidos que insistiam na idéia de que os cristãos deviam observar a lei judaica, ou eram gentios convertidos que eram legalistas em sua abordagem da vida cristã.
d) O Grupo de Cristo. Embora alguns estudiosos debatam a questão, parece válido acei tar um quarto grupo chamado de "grupo de Cristo". William Baird declara três possíveis descrições deste grupo. 1) O grupo de Cristo era uma facção judaizante composta por con vertidos de Tiago, o irmão do Senhor; 2) O grupo de Cristo era um grupo libertino, consis tindo de pessoas que queriam completa liberdade ética e religiosa, sem que uma autorida de apostólica fosse exerci da sobre eles; 3) O grupo de Cristo era uma facção de gnósticos que adoravam exibir seu conhecimento e exigiam a liberdade de pensamento e de ação.
4. UM SÓ CRISTO E UM SÓ BATISMO (1.13-17)

Paulo considerava a igreja como o corpo de Cristo (1 Co 12.12-27). Como tal, o corpo era unido e não devia ser despedaçado pela discussão carnal da igreja. Para comprovar o seu ensino, o apóstolo fez várias perguntas puramente retóricas que só poderiam ser respondidas na negativa.
a) Está Cristo dividido? (13) A obra de Cristo como Senhor e Salvador está dividi­da "entre vários indivíduos, para que um possua um pedaço dele, e outro, possua algum outro?". Professar o nome de Cristo em meio a discórdias, rixas e divisões é, na realida de, despedaçar a Cristo. As divisões na verdade negam o senhorio de Cristo. Como João Calvino declara: "Porque Ele só reina em nosso meio quando Ele é o meio de nos unir em uma união inviolável".
b) A primeira pergunta exaltava a Cristo. Em sua segunda pergunta, Paulo "sugere a sua própria insignificância comparativa": Foi Paulo crucificado por vós? Visto que ne nhuma personalidade humana poderia conseguir a redenção do homem, era inútil discutir sobre a liderança humana. Somente a morte de Cristo poderia trazer a salvação pessoal do homem. Em vista da crucificação de Cristo, todas as discussões do homem deveriam cessar.
c) Uma terceira pergunta concluiu o processo: Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?" 'Em nome' sugere a entrada na comunhão e lealdade, como existe entre o Redentor e o redimido". Os coríntios tinham sido batizados como cristãos, não como seguidores de qualquer líder humano.
d) O próprio Paulo só havia batizado algumas pessoas, 14-17.
Extraído do Comentário Bíblico Becon, vol 8, págs. 250, 251, CPAD.

Lição 04 - Despenseiros dos Mistérios de Deus

Leitura Bíblica em Classe
1 Coríntios 4.1-5; 14-16

Introdução:

I. Os verdadeiros ministros de Cristo
II. A missão dos ministros de Cristo
III. Ministros dos mistérios de Deus
IV. A avaliação dos ministros de Cristo


Conclusão:

Palavras-chave: serviço, mordomia, fidelidade, juízo do homem, juízo próprio e juízo de Deus


Os coríntios, enfrentavam um problema, pois insistiam em avaliar aos pregadores a partir de um ponto de vista humano, em vez de considerá-los como servos e despenseiros. Todos, exceto o último versículo deste capítulo, tratam da natureza da mordomia apostólica. A preocupação de Paulo era apresentar a avaliação correta de líder apostólico.

I. A Missão do Apóstolo (4.1-5)

A missão de Paulo e de todos os que foram chamados para pregar o evangelho foi construída sobre quatro elementos: serviço, mordomia, fidelidade e sensibilidade aos juízos de Deus. Embora todos estes elementos estejam relacionados, há diferença entre eles.

a) Serviço (4.1). Paulo e Apolo não deveriam ser considerados como líderes de evangelhos diferentes. Ambos eram ministros de Cristo. A palavra ministros (hyperetas) significa “servos”. Originalmente o termo se referia a remadores que ajudavam a impulsionar barcos através das águas do mar. A palavra sugere a labuta e o trabalho contínuo envolvido na obra do evangelho.

b) Mordomia (4.1). Paulo e Apolo também eram despenseiros dos mistérios de Deus. Um despenseiro (oikonomos) era literalmente o “administrador de uma casa”. Freqüentemente ele era um escravo respeitado e eficiente a quem o negociante ou o dono da terra havia entregue a administração da propriedade. Como tal, o despenseiro tinha autoridade sobre os ajudantes ou empregados. Ele atribuía trabalho e distribuía mantimentos. Ele era o superintendente sobre a operação de todo o empreendimento. Contudo, ele estava sempre ciente de que era um escravo, e estava sob a obrigação de iniciar e executar a vontade do proprietário. O termo mistérios se refere a todo o plano da salvação (cf. o comentário sobre 2.7). Paulo e Apolo não possuíam qualquer conhecimento secreto escondido de todos, exceto de alguns escolhidos. Eles eram mestres e pregadores da verdade revelada sobre a salvação em Jesus Cristo e através dele.

c) Fidelidade (4.2). Esta é a principal qualificação de um apóstolo: Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel. Quando tudo é dito e feito, a principal exigência para um homem que ensina ou prega é a fidelidade a Deus e à verdade. Não a eloqüência em palavras, não a excelência em pensamento, não o magnetismo na aparência – mas a exigência é a fidelidade diária.

d) Juízo do homem, juízo próprio e juízo de Deus (4.3-5). Paulo declarou que pouco importava que avaliação os coríntios faziam dele. Ele era sempre compassivo, atencioso e gentil. Mas o apóstolo era quase que totalmente indiferente às reações dos homens em relação a si, quando se tratava da questão de pregar o evangelho. Tais juízos não tinham qualquer influência sobre a sua crença ou conduta. A razão era simples: como um despenseiro ele era diretamente responsável diante de Cristo. Paulo também não dependia do juízo próprio. Ele não omitiu a autocrítica (cf. 9.15; 15.9), e estava dolorosamente ciente de suas deficiências. Contudo, ele disse: Nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. O juízo próprio é perigoso porque uma pessoa, com muita facilidade, sanciona as suas próprias opiniões, aprova a sua própria conduta, ou argumenta a favor de seus próprios erros. A frase: Porque em nada me sinto culpado pode ser traduzida como: “Não tenho nada contra mim mesmo”. Paulo não podia se lembrar de nada em sua vida cristã que o condenasse. Nem estava ciente de qualquer coisa que pudessem ter contra ele ou contra o seu ministério. No entanto, ele não se sentia inocentado por causa de uma consciência limpa. Ele sabia muito bem que uma consciência não acusadora não indica, necessariamente, a isenção de alguma culpa.
No caso de Paulo, a sua consciência limpa e a ausência de alguma condenação em particular, vieram como um testemunho do Senhor – e o Senhor foi o Juiz final. Além disso, se Jesus Cristo é o Juiz final, os coríntios não devem julgar nada antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações. A idéia era que os coríntios não deveriam “antecipar o grande juízo... por qualquer investigação preliminar... que
poderia ser superficial e incompleta”. Na época do juízo final, Deus irá revelar as coisas que foram mantidas em segredo nesta vida, incluindo os sentimentos e motivos íntimos que determinam a verdadeira qualidade de cada ato. No juízo final, cada um receberá de Deus o louvor. Desse modo, as pessoas devem ser cuidadosas para nem colher louvor prematuro sobre pregadores favoritos, nem derramar escárnio sobre as pessoas que não são de seu agrado, em particular. Deus é o único que está qualificado para julgar. Só Ele pode conferir louvor ou castigo bem fundamentados.
II. Pai na fé (4.14-21)

Paulo era um homem de emoções profundas, como também de convicções fortes. Portanto, o tom de sua carta freqüentemente muda rapidamente. Ele passa logo de uma severa reprovação para um estímulo carinhoso aos coríntios.
A primeira expressão de preocupação paternal foi a afirmação: Não escrevo essas
coisas para vos envergonhar; mas admoesto-vos como meus filhos amados (14).
O verbo admoestar (noutheteo) transmite as idéias de crítica com amor, ou admoestação.
Paulo não fala como um estranho severo, ou um crítico impessoal. Ele fala com o
carinho de um pai que está preocupado com o bem-estar de seu filho.
Uma outra expressão de preocupação paternal é encontrada na distinção entre o
que ensina e o pai: Porque, ainda que tivésseis dez mil aios em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais (15). Os aios (paidagogous) eram escravos que dirigiam o aprendizado e a conduta de uma criança. O tutor, o aio, levava a criança para a escola, às vezes a ensinava, e geralmente cuidava dela. Ele era um guardião. Mas um guardião jamais pode ter o mesmo amor que um pai tem por um filho. Paulo se considera um pai espiritual dos coríntios. Duas coisas estavam incluídas na idéia dessa paternidade espiritual.
Primeiro, seu afeto por eles era grande. Segundo, eles deviam mais a Paulo do que a
qualquer outra pessoa. Portanto, ele podia dizer: Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores (16).
A preocupação paternal de Paulo também indicava sua intenção de lhes enviar Timóteo
(17). Timóteo possuía um relacionamento com o apóstolo comparável com aquele
que Paulo tinha com os coríntios. Mas havia uma diferença. Timóteo era leal ao apóstolo e ao evangelho que ele pregava. Assim, Timóteo seria enviado para ser uma lembrança pessoal do ministério inicial de Paulo, e também chamaria a atenção deles para que se lembrassem dos caminhos de Paulo em Cristo. Timóteo lhes mostraria a humildade cristã e dissiparia a idéia de que Paulo era o líder de um grupo que estava em oposição a outros líderes da igreja.
Uma expressão final da preocupação espiritual e paternal de Paulo é o anúncio de
sua intenção de visitá-los. Alguns dos coríntios supunham que ele tivesse medo de encará-los, e tinham se tornado inchados (18, arrogantes) em sua reação para com ele. Mas o apóstolo declara que todas estas alegações são infundadas: Em breve, irei ter convosco, se o Senhor quiser (19). A hesitação de Paulo em ir até os coríntios não era uma questão de relutância pessoal de encará-los. Ele havia atrasado a sua visita porque se sentia sujeito à direção divina, e não estava livre para ir no momento em que estava escrevendo estes preciosos textos. Um homem que vive sob as instruções divinas deve exercitar o domínio próprio.
Mas Paulo lhes garante que, quando for, não ignorará suas pretensões orgulhosas e
suas interpretações presunçosas em relação ao evangelho. Sua fala não será a de um
sábio mundano, mas o apóstolo falará na virtude profética que produz resultados espirituais, e um caráter semelhante ao de Cristo. Porque o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude (20). O Reino de Deus é um Reino espiritual e utiliza o poder espiritual. Suas energias e atividades não são baseadas nos discursos humanos lógicos e brilhantes, ou na eloqüência emocional. O Reino de Deus é a verdade espiritual apresentada em um espírito de humildade, e que produz resultados espirituais.
Finalmente, Paulo os enfrentou diretamente nesta questão. Não se trata de quando
ele os visitará, mas de como ele virá. Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão? (21) A vara representa um símbolo de reprovação e disciplina administrado por um tutor. A frase com amor indica a abordagem paternal que Paulo prefere tomar.
“Os Padrões de Deus para um Serviço Eficaz” são: 1) Mordomia fiel, 1-2; 2) Juízo
caridoso, 4-5; 3) Sacrifício humilde, 9-13; 4) Poder espiritual, 17, 20.

Extraído dos seguintes Comentários:
Comentário Bíblico Becon, vol 8, págs. 267-272, CPAD
.

Lição 05 - A Imoralidade em Corinto

Leitura Bíblica em Classe
1 Coríntios 5.1-6,9-11

Introdução:

I. Escândalo na Igreja
II. A Ação Pastoral Disciplinar na Igreja (vv.9-11)
III. Relacionamentos do Crente


Conclusão:

Palavras-chave: Imoralidade. Desafio. Relacionamentos
Título deste subsídio: O desafio de ser cristão em meio a uma sociedade ímpia
Autor: César Moisés Carvalho
O desafio de ser cristão em meio a uma sociedade ímpia

Introdução

Enxergar os acontecimentos do século 1, com óculos ocidentais do século 21, é uma tarefa não muito fácil e, não rara as vezes, inatingível. Como conceber a idéia de que pessoas pertencentes a uma comunidade cristã primitiva seriam capazes de praticar atos lascivos piores que os ímpios? Parece impossível, mas é exatamente esta a triste realidade de uma igreja que decide se pautar pela cultura circundante. Quando as convenções sociais, e não a Bíblia, tornam-se o padrão para uma igreja, ela fica à beira do precipício do secularismo.

A Sociedade Coríntia

Assim como neste tempo pós-moderno, ser crente em Corinto era um desafio, pois o próprio estilo de vida de um coríntio era sinônimo de imoralidade. Tanto que quando os gregos queriam designar uma vida promíscua, utilizavam o termo korinthiazesthai (cunhado por Aristófanes, c.450-385 a.C.), que significa “viver como um coríntio” ou “à moda coríntia”, o que equivalia à expressão “fornicar”. Além de sua licenciosidade, Corinto era extremamente idólatra, mantendo altares a Poseidon (que era o deus principal), a Hermes, Ártemis, Zeus e Dionísio, só para mencionar alguns. Na verdade, havia uma “prostituição cultual” na metrópole, pois o templo dedicado a Afrodite possuía mil sacerdotisas que ofereciam seus corpos à prostituição. Enfim, era um lugar de mistura pluralista de culturas, filosofias, estilos de vida e religiões.

Na verdade, a fonte de todos os problemas desta igreja está exatamente na cultura helenística que tanto influenciou os coríntios. A grande questão era o que significava ser “espiritual” (cf. o uso da palavra pneumatikos 14 vezes, só em 1 Coríntios, contra apenas 4 vezes nas outras cartas paulinas).

Como toda sociedade reproduz os valores que nela vicejam, não há como negar que os condicionamentos culturais de caráter sociológico e religioso exercem uma influência, quase coercitiva, sobre os seus membros. Inseridos nesta realidade, existe o perigo de um dualismo entre palavras e atos. E é exatamente isto que Paulo constatou que estava havendo entre os coríntios (1 Co 4.19,20). O dualismo que grassava na sociedade coríntia, atingiu também a membresia, e proporcionou todo o apoio conceitual necessário, tornando os crentes coríntios tão suscetíveis ao erro, que a prática de atos ilícitos, impraticáveis até pelos ímpios, acabou tendo lugar entre aquela comunidade cristã. Evidentemente que a recomendação bíblica — transmitida através do apóstolo dos gentios —, é justamente o contrário da adequação da igreja à cultura secular: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

O ato imoral dentro da igreja foi tão degradante, que Paulo, profundo conhecedor das culturas gentias daquela época, fala sobre sua admiração em ver que os cristãos haviam “descido” a tal esfera humana de baixeza moral: “Geralmente se ouve que há entre vós fornicação e fornicação tal, qual nem ainda entre os gentios, como é haver quem abuse da mulher de seu pai” (1 Co 5.1). O ato, apesar de ocorrido entre enteado e madrasta (pessoas que não possuem grau de parentesco de consangüinidade), é classificado como incesto. O fato de Paulo se admirar, não significa que tal ato era algo desconhecido na ímpia sociedade coríntia, mas que não era comum e, mesmo sendo altamente licenciosa, não apoiava este tipo de relação.

A conivência com o pecado não era simplesmente um sinal de extrema letargia e frieza espiritual, mas fruto do dualismo (corpo/alma ou material/imaterial) existente na cultura helênica. A alegada espiritualidade dos coríntios, conforme seu entendimento, pressupunha independência em relação à ética e a conduta pessoal. Mesmo como fiéis, os crentes coríntios se apegavam àquela parte do dualismo helenístico que desdenhava do mundo físico em favor do conhecimento e da sabedoria “superiores” da existência espiritual. A idéia ou entendimento era de que não seria possível o sexo ilícito atingir o relacionamento do crente com Deus ou mesmo com o Corpo de Cristo de maneira geral. A polarização era também um fator preponderante na igreja coríntia, pois, ao mesmo tempo em que havia uma imoralidade crônica na ímpia Corinto (que, infelizmente influenciou também os crentes), existia também um ascetismo indevido (1 Co 7.2-5).

A Necessidade de Conhecimento do Contexto

Situar-nos no tempo (época) e no espaço (localização), ou seja, sentirmo-nos inseridos no contexto da epístola é algo de fundamental importância. Mesmo porque, as características sociológicas, juntamente com os aspectos religioso e filosófico, influenciam nossa interpretação da epístola.

Assim, o que era para ter acontecido na primeira lição, em razão da impossibilidade de ter ocorrido naquele momento, pode muito bem ser feito agora.

Corinto localizava-se ao pé da colina chamada Acrocorinto, de 575 metros de altura, no lado meridional (sul) do istmo [faixa de terra que liga uma península (porção de terra, cercada de água por todos os lados, menos um, pela qual se liga a outra terra) a um continente] que ligava o Peloponeso ao restante da Grécia e separava os Golfos [porção do mar que entra fundo pela terra e cuja abertura é muito larga] Sarônico e Corinto.

Corinto controlava o movimento por terra entre a Itália e a Ásia e também o tráfego entre dois portos, de Lequeu, 2,4 quilômetros ao norte, e de Cencréia, 8,2 quilômetros a leste. Um sistema de transporte por terra entre esses dois portos, que atravessava Corinto, tornava possível evitar navegar nas águas traiçoeiras que rodeavam o Peloponeso. Esse sistema de transporte era facilitado por uma estrada pavimentada através do istmo, construída no século VI a.C. Assim, Corinto era conhecida como cidade rica devido às tarifas e ao comércio e como encruzilhada para as idéias e o tráfego do mundo.

A antiga Corinto floresceu como cidade-estado grega no século 8 a.C. até em meados do século 2 a.C. Por volta de 146 a.C. foi destruída por Roma [Império romano], e um século mais tarde (44 a.C.) foi reconstruída como colônia romana. Como já era de se esperar, após este período, os romanos foram os primeiros a se estabelecerem ali. Mesmo inicialmente relutantes, posteriormente os gregos retornaram em grande número. Mas a cidade atraiu também pessoas de muitas raças orientais e havia ainda uma grande parcela de judeus. Presume-se que ela tivesse entre 100 a 500 mil habitantes.

A Corinto que Paulo encontrou e ali estabeleceu uma igreja era então a capital da província romana de Acaia. Era uma cidade populosa, importante, cosmopolita, materialmente próspera, intelectualmente viva e moralmente corrupta.

Os seus habitantes eram pronunciadamente propensos a satisfazer os seus desejos, fossem eles de qualquer espécie. Assim a raiz do problema dos coríntios era o apego ao poder, ao prestígio e ao orgulho representado na tradição retórica helenística, com sua ênfase na glória da sabedoria e das realizações humanas e o estilo de vida escandaloso e extravagante.

“O ideal dos coríntios era o atrevido desenvolvimento do indivíduo: O negociante que conseguia lucro por todo e qualquer meio, o amante de prazeres que se entregava a toda a luxúria, o atleta dedicado a todos os exercícios corporais e orgulhoso de sua força física, são os verdadeiros tipos coríntios, num mundo em que o homem não reconhecia nenhum superior e nenhuma lei, senão os seus desejos”.

O Importante Papel da Liderança

Mesmo à distância, Paulo delibera e age para erradicar a repercussão do escândalo (1 Co 5.4,5). Isso sinaliza e adverte-nos para, nos dias em que vivemos, buscarmos ter a mesma responsabilidade em nossas igrejas locais.

Paulo até adverte aos coríntios, de que não é nada recomendável a altivez que eles, mesmo diante do pecado vergonhoso, ainda parecem querer ostentar. Ele diz claramente: “Não é boa a vossa jactância” (1 Co 5.6). A preocupação paulina e o que o levou a tomar rapidamente uma decisão, foi o medo de que este ato viesse a se transformar em um mau exemplo a ser copiado, pois, “um pouco de fermento faz levedar toda a massa” (1 Co 5.6). Atualmente, não é pequeno o número de igrejas que se orgulha de hoje serem mais “abertas”, menos rígidas etc. A grande maioria aderiu conceitos seculares em seus padrões e nem sabe que estão longe do verdadeiro evangelho.

A melhor e maior de todas as motivações, e que leva o crente a abster-se da contaminação do pecado, é saber que “Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Co 5.7). Neste caso, a recomendação não é que ficaremos sem nos alegrarmos para dizer que estamos servindo ao Senhor. Pelo contrário, seu convite é que “façamos festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade” (1 Co 5.8).

Relacionamentos Diferentes

Alguns cristãos acreditam que para ser realmente santo, é preciso isolar-se e não ter nenhum contato com as pessoas que não professam a mesma fé que nós. Acerca disso, o apóstolo Paulo ensina que se não quisermos ter contato com as pessoas não-crentes, será preciso “sair do mundo”, ou seja, morrer (1 Co 5.10.). O desafio do cristão é conviver com as pessoas não-crentes e não deixar que elas nos influenciem.

No versículo 11 de 1 Coríntios 5, Paulo muda a explicação e assume um tom mais grave, explicando que o crente já amortecido pelo pecado, o transgressor contumaz, o rebelde por opção, deve ser evitado. O conselho é tão sério, que ele diz para nem comer com quem se porta de maneira inconveniente. O objetivo aqui parece ser duplo: evitar que o crente descompromissado estrague o testemunho dos demais e, por outro lado, privar-lhe da comunhão amorosa dos santos para que aprenda a valorizá-la.

No versículo 13 Paulo fecha sua argumentação quanto ao processo disciplinar do irmão infrator, iniciado no versículo 2. O ato de “entregá-lo a Satanás” (v. 5), — que é uma expressão incomum —, parece ter neste último versículo o seu fechamento. O próprio fato de estar alijado das celebrações e reuniões da igreja faz com que este crente valorize a comunhão com os santos e reveja sua postura cristã diante de Deus e da comunidade de fé. Desvinculado do “Corpo de Cristo”, ele se tornará mais facilmente vulnerável às investidas satânicas e, assim, vislumbrará a própria fragilidade sem a proteção de Deus. É oportuno que seja visto que a “disciplina” tem uma finalidade terapêutica e curativa, e não vingativa ou exterminadora: “[...] para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus Cristo”.

A nossa sociedade não é menos pior do que àquela em meio a qual a igreja de Corinto estava inserida. Vigiemos para não nos acostumarmos aos padrões de lassidão moral impostos pelo mundo.

César Moisés Carvalho é Redator das Lições Bíblicas de Jovens e Adultos da CPAD e autor dos livros Marketing para a Escola Dominical (Ganhador do Prêmio Areté/2007 na categoria Educação Cristã) e O Mundo de Rebeca. Acesse o blog do autor http://marketingparaescoladominical.blogspot.com

Lição 06 - Demandas Judiciais entre os irmãos

Leitura Bíblica em Classe
1 Coríntios 6.1-9

Introdução:

I. Falta de Comunhão Fraterna na Igreja Coríntia
II. Uma Igreja que desconhecia sua Importância
III. Ensinos Finais sobre Litígios e Inimizades


Conclusão:

Palavras-chave: Litígio. Demandas. Justiça
Título deste subsídio: Quando o Mau Exemplo vem de Dentro
Autor: César Moisés Carvalho
Quando o mau exemplo vem de dentro

INTRODUÇÃO
Em meio a toda a discussão da igreja coríntia, Paulo ainda os repreende por levar os irmãos perante os homens para resolver questões particulares. É incrível como aquela igreja apresentava tantos problemas. Ao ler os primeiros versículos da epístola (1 Co 1.1-9), é impossível deduzir tudo que será dito depois. A maior lição que podemos extrair desta igreja, é que somente a graça, a bondade e misericórdia de Deus podem capacitar Paulo, diante de tantas falhas, a chamá-los de “igreja de Deus” e “santificados em Cristo Jesus, chamados santos” (v. 2). Certamente é assim que os homens de Deus também se dirigem às igrejas atuais.
Os problemas da igreja coríntia e as lições que podemos extrair
Parece que não havia em Corinto limite algum para a existência de problemas. Se isso é tão frustrante para um líder no momento, produz futuramente uma base de experiência com as coisas de Deus que ele jamais conseguiria em nenhum seminário, instituto ou faculdade teológica. Paulo agora vai lidar com problemas de outra ordem e natureza. Crentes que demonstram não saber exatamente nada de tolerância, que dirá de amor cristão. Crentes que, por motivos estritamente pessoais — leia-se, egoístas — e fúteis, estavam levando seu irmão aos tribunais, onde ímpios legislavam. Isto estava trazendo uma agudização à desarmonia que já havia se instaurado em Corinto.
A verdadeira espiritualidade é expressa através de pequenos atos que demonstram nossa fé, compromisso, amor e verdadeira identificação com Jesus Cristo. Infelizmente, não era isso que estava ocorrendo entre os coríntios. Se você fosse a uma das reuniões daquela igreja (excetuando a da Ceia), com certeza gostaria do “movimento pentecostal” que lá havia. Entretanto, a espiritualidade ali retratada desfazia-se no primeiro obstáculo que o crente precisasse enfrentar. Isso é um sintoma de que não havia em Corinto, uma verdadeira espiritualidade.
Quantos crentes, assim como os coríntios, buscam uma igreja perfeita? Será que já se esqueceram que, deste lado do céu, nunca haverá pessoas perfeitas, sem defeitos e que só façam as coisas de maneira correta? Quando Paulo fala sobre “suportar” uns aos outros (Ef 4.2), é exatamente por causa disso. A diversidade de temperamentos, de personalidades e gênios, traz conflitos a qualquer repartição onde mais de uma pessoa tenha de conviver. Na igreja não é diferente. Por isso, é preciso exercitar a recomendação bíblica da referência acima citada.
A evocação da escatologia para exemplificar a importância da igreja coríntia
Após chamar a atenção dos coríntios no versículo primeiro do capítulo seis da primeira epístola, o apóstolo Paulo chama a sua atenção, para a realidade que os aguardam no final dos tempos: a participação da igreja em diversos julgamentos (vv. 2,3). Diante da importância desses acontecimentos e com tal incumbência, problemas de origem banal deveriam ser resolvidos, se acaso houvesse maturidade para tal, no máximo, entre as famílias envolvidas.
O mero fato de uma disputa interna ir parar em um tribunal público evidenciava a falta de pessoas capazes na igreja
Pelo texto bíblico não fica claro o teor específico dos problemas que surgiram entre os membros da igreja da famosa Corinto. Entretanto, pelas palavras de Paulo, onde ele pergunta “denunciando” (sem rodeios, pois afirma que é para “envergonhá-los”): “Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?” (v. 5) — depreende-se que sejam, de fato, questiúnculas, quimeras. A inquirição paulina é oportuna e arguta, pois basta lembrar que a busca pela sabedoria é uma das grandes “virtudes” dos coríntios (1 Co 1.17-31). Onde estava então a sabedoria? Paulo pergunta, acentuando, “Não há, pois, entre vós sábios?” Sábios que se ufanam por tentar resolver o problema do mal, não conseguem equacionar uma questão de direito privado? É risível.
Existem referências bíblicas sobre este assunto, referindo-se aos Doze (Mt 19.28), mas não ocorre nenhuma alusão específica a julgamento do mundo por parte da Igreja. Alguns estudiosos costumam dizer que “julgar” aqui, deve ser tomado no sentido do original hebraico “governar”. Entretanto, todo o contexto sugere questões referentes a processos legais. Quando Paulo menciona os anjos, é importante lembrar que, na hierarquia dos seres criados, os anjos são a classe mais elevada de criaturas. Logo, se os santos vão julgar seres tão importantes, será que não são capazes de resolver pequenas demandas internas (2 Pe 2.4; Jd 6)? A idéia é mais uma forma de reforço da mensagem (cf. 1 Co 4.15).
A postura cristã em relação à justiça terrenal
Esta postura, na realidade, é própria dos que confiam muito mais na justiça dos homens do que na de Deus. Pessoas que valorizam muito mais a vida terrena que a celestial. Na realidade, quem assim procede, mostra que não possui nenhum tipo de amor ou consideração ao seu irmão. É egoísmo puro. Nem precisa dizer que isto é sintomático, ou seja, evidência de que existem outros fatores envolvidos na questão. Um deles, sem dúvida, foi mencionado pelo apóstolo Paulo quando disse: “Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa” (1 Co 15.34). É a causa de muitos problemas existentes nas igrejas da atualidade: falta de conversão.
Obviamente que sim. Existem casos em que o cristão deverá procurar a justiça terrena. Até porque ela foi deixada para isso (Rm 13.1-7). Mas não deve se tornar uma constante, nem o motivo maior da esperança de que a justiça será feita. Aliás, os exemplos colhidos das instituições públicas nos últimos anos, sobretudo no Brasil, não são nada animadores.
Alguém que nasceu de novo não deve envergonhar a Obra de Deus levando o seu irmão (mesmo que este seja alguém de testemunho reprovável) às barras do tribunal (1 Co 6.1). A recomendação paulina é que devemos sofrer o prejuízo (1 Co 6.7). Nesta questão, a “espiritualidade” dos coríntios — se fosse realmente verdadeira — deveria levá-los a refletir o amor mútuo, e não a vingança. Paulo explica que, ele mesmo, para demonstrar o quanto o amor deve alcançar, privou-se do direito apostólico de ter apoio financeiro para pregar entre os coríntios (1 Co 9.1-14; 2 Co 11.9).
Devido à importância dos cristãos (que vão até mesmo “julgar os anjos”), espera-se que, acaso não puderem chegar a um acordo, sejam capazes de sofrer o prejuízo pelo amor de Cristo. Os que verdadeiramente conhecem a Deus e são conhecidos por Ele empregam sua liberdade e seu conhecimento para edificar os outros na fé, mesmo quando isso significa negar os próprios direitos legítimos como fiel (1 Co 8.1-3; 13). Esse é “o amor” que “edifica”, em vez de só conhecimento que meramente “incha” (1 Co 8.1).
César Moisés Carvalho é Redator das Lições Bíblicas de Jovens e Adultos da CPAD e autor dos livros Marketing para a Escola Dominical (Ganhador do Prêmio Areté/2007 na categoria Educação Cristã) e O Mundo de Rebeca. Acesse o blog do autor http://marketingparaescoladominical.blogspot.com

Lição 07 - Considerações Acerca do Casamento

Leitura Bíblica em Classe
1 Coríntios 7.1-5, 7, 10, 11

Introdução:

I. Casamento ou Celibato
II. A Necessidade do Casamento (vv.2-5)
III. O Solteiro (vv.7-9)
IV. Compromissos Cristãos no Casamento (vv.10,11)


Conclusão:

Palavras-chave: Relacionamentos. Casamento. .
Título deste subsídio: Relacionamentos Domésticos
Autor: Marcos Tuler
RELACIONAMENTOS DOMÉSTICOS
INTRODUÇÃO

Alguns cristãos consideravam o casamento como um dever absoluto. Outros, como uma condição moral inferior. E ainda havia os que diziam que, ao aceitar a Cristo, todos os relacionamentos sociais, inclusive o casamento, deveriam ser dissolvidos.
Na verdade, havia uma facção: os libertinos, diziam que o que a pessoa faz com seu corpo é moralmente indiferente; e os adeptos do ascetismo, que negavam a si mesmos o prazer físico.
Foi então que alguns irmãos de Corinto escreveram uma carta para o apóstolo Paulo solicitando esclarecimentos sobre o assunto. Esta é a passagem mais abrangente das Escrituras sobre esse tema.
I. CASAMENTO E CELIBATO

Ele começa explicando o valor do celibato:
“bom seria que o homem não tocasse em mulher” [eufemismo do AT para relações sexuais].
Mas para Paulo, o estado de solteiro ou casado é questão de conveniência, e não de certo ou errado.
Uma pessoa casada não melhora em nada sua vida espiritual, mas também não a macula. Todavia, o casamento trás consigo obrigações que o crente não pode ignorar.
1. Por que Paulo defendia o celibato?

“Bom seria que o homem não tocasse em mulher” Não é que Paulo seja contra o casamento. Tanto é que em Ef 5.23-28 ele o usa como ilustração do relacionamento de Cristo com a igreja.
Paulo sabia que o casamento é uma instituição divina e que “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18).
Aqui ele estava respondendo aos coríntios de forma específica: “às coisas que me escrevestes”.
a) Os coríntios tinham muitas dúvidas sobre o casamento.
– Sofriam a influência dos gregos que consideravam o estado de solteiro superior ao de casado;
– Alguns interpretavam de forma errada as palavras de Jesus, em Lc 20.35.
“Mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento...”
– Outros espiritualizavam a “condição de solteiro” por estarem desgostosos com a ênfase sobre o sexo em Corinto.
Entretanto, havia outras pessoas...
... De formação judaica na igreja que criticavam a vida de solteiro. Porque o casamento para o judeu era uma obrigação sagrada. A família era o centro da sociedade.
Paulo então resolveu se pronunciar; e o fez em defesa do celibato.
“Bom seria que o homem não tocasse em mulher”
O termo “bom”, kalon, não indica algo moralmente bom, pois não há nenhuma questão de pecado. O que Paulo está dizendo é que em algumas circunstâncias, é melhor que o homem permaneça solteiro.
Não há um princípio geral para cada época na igreja. Paulo escreveu para os coríntios, visando suas circunstâncias específicas.
II. A NECESSIDADE PRÁTICA DO CASAMENTO.
A atitude promíscua de Corinto fazia da fornicação uma constante tentação. O casamento seria uma proteção contra o pecado. Não é que Paulo considere o casamento como um mecanismo de fuga para os fracos que não conseguem controlar as paixões da carne. O que ele está dizendo é que um resultado prático do casamento é o de evitar a tentação na área sexual.
1. Atitude cristã em relação ao sexo.
a) Obrigações de reciprocidade (7.3-4).
“O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido” (v.3). Ou seja, cumpram com seus deveres conjugais.
O verbo “pague” não significa a concessão de um favor, mas o pagamento de uma obrigação; do marido para a esposa e da esposa para o marido.
O apóstolo coloca o aspecto sexual do casamento em sua perspectiva correta, evitando tanto uma atitude promíscua como o ascetismo rígido. [supervalorização do espírito em detrimento do corpo].
As palavras “não tem poder” refere-se ao exercício da autoridade.
Quando há o entendimento mútuo, dois extremos são eliminados:
A posse do outro e a sujeição de uma parte a outra. No casamento cada parceiro tem direito legítimo à pessoa do outro.
Embora Paulo ensine que o marido é a cabeça da família e que a esposa deve sujeitar-se a ele, na área sexual ambos estão no mesmo nível.
A ênfase está em dar de si mesmo ao seu cônjuge, e não receber algo ou exigir direitos sobre o cônjuge.
“Não vos priveis um ao outro...” (v.5). [significa defraudar, causar dano em].
b) Abstinência temporária (7.5-6).
Quando um dos cônjuges resolve abster-se sexualmente para dedicar-se às atividades espirituais, três condições devem ser atendidas:
1. Consentimento mútuo.
2. A situação deve ser temporária “por algum tempo”.
3. Deverá ser por propósitos elevadíssimos – oração, jejum.
4. Deverão juntar-se de novo, imediatamente.
Até aqui, as opiniões de Paulo sobre o casamento, são principalmente “por permissão e não por mandamento” (v.6). Ele não tem nenhuma ordem direta de Deus.
III. “FICAR SOLTEIRO” É UMA PREFERÊNCIA PESSOAL OU UM DOM PARTICULAR? (7.7-9).
Certa ocasião, Jesus ensinava a seus discípulos sobre o divórcio. Eles lhe perguntaram: “Então, não convém se casar?” Jesus lhes disse:
“Nem todos podem receber esta palavra”. (...) “há eunucos que castraram a si mesmos por causa do reino dos céus” (...) “Quem pode receber isto, receba-o”.
Você tem esse dom? Está disposto a receber a vocação celibatária?
Ficar solteiro requer domínio próprio, e isso é um dom de Deus. Não é dado a todos.
“... cada um tem de Deus o seu próprio dom...” (v.7)
Mas... Se a pessoa não tem esse dom, deve casar-se:
“... mas se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se” (v.9).
Conter-se, aqui, significa “possuir em si o poder de se controlar”.
Quem tem falta desse controle deve se casar! É melhor casar do que lutar continuamente com o fogo do desejo sexual.
A NVI diz “arder nas chamas da paixão”.
Essas chamas, às vezes, é interpretada como o castigo eterno do inferno. [Geena] que aguarda as pessoas imorais.
Um rabino comenta com o outro ao verem uma mulher caminhando à sua frente: Apressemo-nos e passemos à frente do Geena.
“Por teu amor, desci às pávidas geenas/dos não ouvidos ais, das não ouvidas penas” [poema de Gomes Leal]
1. Qual era o estado civil de Paulo? Era solteiro, casado, viúvo?
“Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo” (7.7a).
Isso sugere que Paulo não era casado e também não era viúvo. Como ele poderia expressar o desejo de que todos os homens fossem viúvos?
Muitos dizem que Paulo era casado por ter votado no Sinédrio, segundo Atos 26.10. E sendo membro do Sinédrio, deveria ser casado. [Existiam o grande Sinédrio e os sinédrios inferiores].
“Ser casado” era apenas um princípio entre os rabinos, não era uma regra de elegibilidade.
Paulo nunca se referiu à sua esposa ou filhos.
IV. OBRIGAÇÕES CRISTÃS NO CASAMENTO
Agora o apóstolo fala com autoridade: “todavia aos casados mando não eu, mas o Senhor” (v.10).
“A mulher não se aparte do marido (...) se apartar fique sem casar” (...) “o marido não deixe a mulher” (vv.10,11).
Isso concorda com o ensino de Jesus:
“Qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério” (Mt 19.9).
A mulher ou o homem que se separar só tem duas opções: ficar sem casar ou reconciliar-se com o cônjuge.
Obs: Naquela época tanto a lei romana quanto a judaica conferia a uma ou outra parte o direito de dissolver o casamento por qualquer razão.
1. Obrigações em casamentos mistos (7.12-16).
Duas situações:
a) Casamento misto onde os parceiros estão satisfeitos (7.12-14).
Neste caso, o parceiro descrente está disposto a permanecer com o outro que se tornou cristão – O crente é obrigado a permanecer casado com o descrente.
Não há nenhum problema de o novo convertido continuar vivendo com o cônjuge descrente. O descrente ainda receberá benefícios espirituais através do crente.
“O marido descrente é santificado pela mulher, e a mulher descrente é santificada pelo marido” (v.14).
Não é que o descrente passe a ser santo em Cristo perante Deus. Significa que o marido ou mulher de um crente é separado ou consagrado a Deus pela vida do crente.
Através do cônjuge crente, as bênçãos do casamento são conferidas sobre o cônjuge descrente. E até os filhos de tal casamento são beneficiados... “mas, agora são santos” (v.14).
b) Casamento misto onde o descrente não está satisfeito (7.15-16).
Se o descrente se recusar a permanecer com o crente, o cristão está livre da obrigação de sustentar o casamento. Mas, a iniciativa deve ser do descrente.
“Mas se o descrente se apartar, aparte-se” (v.15).
Isso não dá permissão para um crente casar-se com um descrente.
O casamento não é uma “instituição missionária”. Quando alguém já é casado não dá para saber se a outra parte será salva ou não. Entretanto, a mulher cristã ou o marido está sob a obrigação de tentar ganhar o outro parceiro.
“vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra” (1 Pe 3.1).
V. CONSELHOS AOS QUE PRETENDEM SE CASAR

1) Não te cases por dinheiro. O dinheiro compra uma casa, mas não compra um lar.
2) Não te cases porque todos se casam.
3) Não te cases com um homem ou mulher doente de ciúmes.
4) Não te cases com alguém comprovadamente preguiçoso.
5) Não te cases com um descrente.
6) Casa-te com a aprovação de Deus.
Marcos Tuler é chefe do Setor de Educação Cristã da CPAD, pastor, pedagogo, escritor e autor dos livros Manual do Professor da Escola Dominical, Recursos Didáticos para a Escola Dominical, Dicionário de Educação Cristã, Ensino Participativo na Escola Dominical e Abordagens e Práticas da Pedagogia Cristã. Acesse o blog do autor http://prmarcostuler.blogspot.com

Lição 08 - Coisas Sacrificadas aos Ídolos

Leitura Bíblica em Classe
1 Coríntios 7.1-5, 7, 10, 11

Introdução:

I. A carne sacrificada: assunto antigo, mas contemporâneo
II. O cristão diante das festividades religiosas pagãs


Conclusão:

Palavras-chave: ídolos, festividades religiosas, liberdade cristã, comunhão cristã.


Com muita freqüência, a comunhão entre cristãos torna-se estremecida quando certas práticas que um grupo entende serem perfeitamente aceitáveis criam uma reação contrária em outro grupo. Seu primeiro pensamento, ‘Como pode um (verdadeiro, dedicado) cristão fazer isso?’, cria um sentimento de indecisão, depois de suspeita e finalmente um espírito de reprovação e divisão na igreja. aqueles que expressam diferentes perspectivas podem ser um em Cristo, mas nessa unidade desenvolver-se-á uma cisão causada pela questão que os divide.
Em Corinto a questão que dividia a igreja era se um cristão devia ou não comer o alimento oferecido aos ídolos no sacrifício pagão. Um grupo ficava horrorizado: ‘Como pode um (verdadeiro, decidado) cristão fazer isso?’, enquanto o outro grupo divertia-se dizendo: ‘Por que não? Não existem deuses pagãos.’
Essa questão atingia várias áreas da vida dos coríntios. Na época da Bíblia raramente as pessoas comiam carne. No caso dos moradores de uma cidade, a carne era comprada diretamente de um mercado associado a um templo pagão e representava um terço do animal que pertencia à porção do sacerdote. Se um morador de Corinto desejasse fazer um assado em um jantar especial, o mercado de carne do templo era o lugar exato para comprar a carne. Mas alguns cristãos tinham um forte sentimento de que era terrivelmente errado ter qualquer relação, mesmo indireta, com o paganismo.
Entretanto, havia um outro problema mais premente. Quando os pagãos do primeiro século ofereciam um jantar ou banquete, fosse para poucos amigos ou um grande número de convidados, era tradição dedicar a refeição a alguma divindade. Portanto, muitos cristãos recusavam convites para ir às casas dos pagãos porque não desejavam comer algum alimento que estivesse, mesmo de longe, relacionado com a idolatria. Outros, porém, não viam nenhum mal em comparecer, afinal de contas, sabiam ‘que o ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão um só’ (8.4). E, para aqueles que estavam no comércio, ou para os clientes de um poderoso benfeitor, a presença em tais ocasiões sociais era muito importante.
Muitos comentaristas sugerem um terceiro problema. Aparentemente, alguns cristãos estavam realmente participando de refeições patrocinadas pelos amigos nos templos pagãos. Estes cristãos zombavam da noção de que havia alguma coisa errada com essa prática, pela mesma razão de que ‘o ídolo nada é no mundo’.
Nessa passagem, Paulo dá aos coríntios vários princípios como orientação que são específicos sobre o consumo de alimentos oferecidos aos ídolos. Nesse processo, ele também desenvolve outros princípios que podem servir de orientação para mim e para você em qualquer questão onde possa existir um conflito entre cristãos que reclamam liberdade para participar de uma prática que está preocupando outros irmãos e irmãs dentro de sua igreja. Paulo ensina que o amor por um irmão em Cristo é mais importante que o direito de exercer a liberdade cristã (8.1-13).
(RICHARDS, L. O. Comentário histórico-cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.338-339)

Lição 09 - A importância da Santa Ceia

Leitura Bíblica em Classe
1 Coríntios 11.23-32

Introdução:

I. O que é a Santa Ceia
II. Os elementos da Santa Ceia
III. Lições doutrinárias da Santa Ceia


Conclusão:

Palavras-chave: Santa Ceia, memorial, instituição, sacramento.


A Profanação da Ceia do Senhor vv.17-22

I. “Nisto, porém, que vou dizer-vos, não vos louvo” (v.17).

II. Ele inicia sua repreensão contra eles tratando de mais detalhes do que o acima exposto.

1. Ele lhes fala que, quando se ajuntam, há divisões, cismas — schismata.

2. Eles os repreende, não somente pelas discórdias e divisões, mas por causa de desordens escandalosas: “Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome, e outro embriaga-se” (v.21).

III. O apóstolo coloca a culpa rigorosamente sobre eles:
1. Dizendo-lhes que a sua conduta destruía integralmente o propósito e o uso de tal instituição é para comer a Ceia do Senhor’ (v.20).
2. Sua conduta trazia em si um desrespeito à Casa de Deus, ou seja, à igreja (v.22).
O Propósito da Ceia do Senhor vv.23-34

Para corrigir essas grosseiras corrupções e irregularidades, o apóstolo destaca aqui a sagrada instituição da Ceia do Senhor. Isto deve servir de regra na reforma dos abusos.

I. Ele nos relata como conheceu os princípios da Ceia do Senhor. Ele não estivera entre os apóstolos na primeira instituição, mas ‘...eu recebi do Senhor o que também vos ensinei’ (v.23).

II. Ele nos dá um relato mais detalhado do que encontramos em outro lugar. Aqui nós temos um relato:

1. Do autor: nosso Senhor Jesus Cristo. Somente o rei da igreja tem poder para instituir sacramentos.

2. Do tempo da instituição: ela ocorreu ‘na noite em que foi traído’, justo quando ele estava iniciando seus sofrimentos, os quais devem ser celebrados dessa maneira.

3. Da instituição em si mesma. Nosso Salvador tomou o pão, e quando Ele deu graças, ou abençoou-o (conforme está em Mt 26.26), ‘o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear; tomou o cálice, dizendo [...]

4. Dos elementos do sacramento: a) Tanto com relação aos sinais visíveis: o pão e o cálice. b) Quanto com relação às coisas significadas pelos sinais exteriores: eles são o corpo e o sangue de Cristo, seu corpo partido, seu sangue derramado, todos juntos com todos os benefícios que fluem de sua morte e sacrifício: ‘...é o Novo Testamento no meu sangue.’

5. Das ações sacramentais: a) As ações do nosso Salvador, que consistiram em tomar o pão e o cálice, dar graças, partir o pão, e distribuir um e outro; b) As ações dos comungantes, que consistiam em tomar o pão e comê-lo, tomar o cálice e beber dele, e ambas em memória de Cristo.

6. Das finalidades da instituição: a) Ela foi designada para ser realizada em memória de Cristo, para manter vívido em nossas mentes um favor antigo, sua morte por nós; b) Ela deveria anunciar a morte de Cristo, declará-la e publicá-la, comemorar e celebrar sua gloriosa condescendência e graça em nossa redenção.

7. E de outras recomendações em relação à instituição da ceia: a) Deve ser freqüente ‘todas as vezes que comerdes este pão...’; b) Perpétua. “até que venha o Senhor.”

III. O perigo de receber a ordenança indignamente.

1. Contrair grande culpa. “Serão culpados do corpo e do sangue do Senhor” (v.27), de violarem essa sagrada instituição, de desprezarem seu corpo e sangue.

2. Correr um grande risco. “Eles comem e bebem para sua própria condenação” (v.29). Eles provocam a Deus e, provavelmente, atrairão punição sobre si mesmos.

IV. O dever daqueles que vêm à mesa do Senhor.

1. ‘Examine-se, pois, o homem a si mesmo’ (v.28), teste-se e aprove-se a si mesmo. Considere o propósito sagrado dessa santa ordenança, sua natureza e uso, e compare seus próprios objetivos para ir à Ceia do Senhor e sua disposição mental para participar dela; e, quando, tiver aprovado a si mesmo em sua própria consciência diante de Deus, então participe.

(Crédito: Adaptado do livro Comentário Bíblico Novo Testamento Atos a Apocalipse, CPAD, pp.475-478)