domingo, 21 de junho de 2009

Lição 10 - Os Dons Espirituais

Leitura Bíblica em Classe
1 Coríntios 12.1-11

Introdução:

I. O que são os dons espirituais
II. A atualidade dos dons espirituais
III. Objetivos dos dons espirituais
IV. Os dons de manifestação verbal
V. Os dons de saber
VI. Os dons de poder


Conclusão:

Palavras-chave: Dons espirituais, amor, fervor espiritual.


“Uma Igreja Paradoxal"

Paulo abre a carta fazendo menção da riqueza carismática que possui a igreja de Corinto (1 Co 1.5-7), reconhecendo o fato de repousar sobre ela a totalidade dos dons espirituais.
É interessante observar o que ele tem em mente logo no início da epístola, comparado ao que diz depois. As notícias sobre as condições espirituais e morais da igreja em Corinto chegaram aos seus ouvidos pelos membros da família de Cloé (1 Co 1.11), e não eram nada boas.
O exemplo de Corinto corrobora a pergunta que muitos fazem: Como é possível pessoas revestidas do poder de Deus dar um testemunho tão escandaloso?
Para responder a essa questão intrigante, o apóstolo Paulo trabalha cuidadosa e sabiamente o dualismo entre fervor e espiritualidade, deixando claro que um pode subsistir sem o outro, exortando os crentes à prática do segundo, bem como a subordinação do primeiro a esta.
É possível ser fervoroso e ao mesmo tempo carnal, mas jamais alguém será espiritual sem deixar de ser carnal. [...]
Os dons espirituais em Corinto não estavam trazendo a devida edificação espiritual, posto que sua prática recaía mais sobre o deleite e a competição do que em atender aos seus propósitos originais.
A experiência tem-nos sido altamente didática em distinguir as características peculiares tanto do fervor quanto da espiritualidade. Como sugere a própria palavra, o fervor descreve uma devoção calorosa, extrovertida e bem típica das reuniões carismáticas (ou pentecostais) em que se ouve línguas estranhas e profecias, e as orações são livres, unânimes e em alta voz. Por sua vez, a espiritualidade descreve a conformação do crente com a natureza divina, em que ganha cada vez mais afinidade com o pensar, o sentir e o agir de Cristo.
O apóstolo Paulo aconselha: “Sede fervorosos no espírito” (Rm 12.11). O fervor cabe muito bem dentro da espiritualidade, e feliz é o crente fervoroso. Se todavia não cultivar o progresso da sua espiritualidade, seu fervor poderá tornar-se mecânico, emocionalista, habitual e subseqüentemente carnal.
Este é o crente que no ambiente do culto se sobressai pela eloqüência de sua devoção, mas em casa é iracundo; no relacionamento com os outros, mostra-se egoísta, intolerante, agressivo, maledicente; e nos negócios, desonesto. Um crente espiritual jamais procederá assim.
O desenvolvimento do fervor é favorecido e agilizado num ambiente onde se dá vazão a ele, enquanto que a espiritualidade é um estado de vida cujo cultivo se dá a longo prazo. É paulatino. Seus métodos são a Palavra, a oração, o quebrantamento, as transformações de ‘fé em fé’ e de ‘glória em glória’. Lutas, provas, tribulações, lágrimas e sofrimentos fazem parte do seu conteúdo. O fervor pode ser transitório, mas a espiritualidade é duradoura. Ser espiritual é construir a casa sobre a rocha (Mt 7.24,25), é brilhar: ‘Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18); é galgar maturidade na fé e ter discernimento para ‘entender tudo’ (1 Co 2.15).
As implicações da espiritualidade são amplas e profundas, pois nelas a luz e as trevas, a justiça e o pecado, o profano e o sagrado se distinguem radical e decisivamente sem que qualquer senão. [...]
A ênfase aos dons cegava-os para o exercício da plena espiritualidade. Essa falta de equilíbrio sempre resulta em prejuízo para muitas Igrejas. Quantas delas se têm valido, por exemplo, do dom da profecia para imprimir culpa às pessoas! O assim chamado profeta emite um ar sobre-humano, provocando temor e respeito exacerbado à sua figura, no afã de merecer tratamento especial e às vezes até sobrenatural. Cria um ar cabalístico, misterioso e, quando percebe que está apto para dominar o ambiente pela intimidação, passa a controlar a vida da igreja em detrimento da figura do pastor e, sobretudo, da Palavra de Deus.
Pior ainda é quando em tais igrejas surgem os profetas competidores, que desdizem a palavra dos seus rivais. Estou exagerando? É lamentável, mas vivemos dias corintianos! Profecias produzidas pela vontade da carne tornam-se em instrumentos de manipulação legalista, intimidando, condenando e até neurotizando alguns. Esse tipo de fervor não passa de um ‘bombeiro’ apto para apagar a chama do amor.” (
Conhecidos pelo amor, CPAD, pp.37-40).

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